O Google anunciou nesta quinta-feira, 7, em um evento em São Paulo, a chegada ao Brasil do Android Go. Trata-se de uma versão mais leve do sistema operacional da empresa, destinada a smartphones baratos e com especificações básicas.

Num encontro com jornalistas a portas fechadas na sede do Google, Flávio Ferreira, diretor de parcerias de Android para a América Latina, e Arpit Midha, gerente de produto do Android Go, revelaram todos os detalhes sobre a novidade.

Confira abaixo algumas perguntas e respostas sobre o Android Go no Brasil.

O que é Android Go?

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Trata-se de uma versão mais leve e enxuta do sistema operacional do Google, destinada a smartphones com, no máximo 1 GB de RAM. Os recursos são mais limitados, mas ele ocupa menos espaço da memória interna do celular.

Por isso, também, é que o sistema é destinado a aparelhos mais baratos. Segundo Arpit Midha, gerente de produto do Android Go, a ideia é que qualquer pessoa tenha acesso ao que ele chama de “experiência Google” sem precisar comprar um smartphone mais caro.

Android Go é a mesma coisa que “Android puro”?

Não. O que algumas pessoas chamam de “Android puro” é, na verdade, uma versão do Android sem modificações pesadas na interface. Há quem argumente que não existe um Android genuinamente puro, já que até o Google modifica o Android nos smartphones da linha Pixel, mas os celulares que mais se aproximam disso, costumam usar o termo.

O Android Go é um sistema de código aberto, assim como o Android “normal”. Isto significa que as fabricantes de celular podem modificar o código como quiserem, colocando ou removendo recursos e modificando a interface, assim como a versão mais comum do software.

Como saber se um celular usa mesmo o Android Go e não o Android “normal”?

O Google emite uma espécie de “certificado” para as fabricantes que usarem o Android Go em seus smartphones. Para ganhar o selo, o celular precisa ter, no máximo, 1 GB de RAM e passar em testes de desempenho da empresa.

Além disso, a nomeclatura “Go” aparece em todo canto do sistema. Os apps do Google que vêm pré-instalados estão em suas versões básicas, como o Gmail Go, o YouTube Go e o Maps Go, e também ajudam a economizar espaço e desempenho.

O Android Go atualiza mais rápido?

Não necessariamente. Assim como com o Android “normal”, as atualizações do Android Go dependem das fabricantes dos celulares e das fabricantes dos componentes. Sendo assim, o ritmo de atualização não muda, mesmo sendo um sistema mais leve.

Existe mais de uma versão do Android Go?

Por enquanto, não. O Android Go que existe hoje é, na verdade, o Android 8 Oreo Go Edition. Quando a próxima versão do sistema for lançada, o Android P, haverá um Android P Go Edition, e assim por diante. Segundo Midha, todas as futuras versões do software terão uma versão Go.

Quais celulares têm Android Go no Brasil?

No evento desta quinta, o Google anunciou o lançamento de cinco smartphones com Android Go no Brasil: são eles Positivo Twist Metal S531, o Positivo Twist Mini S431, o Alcatel 1, o Multilaser MS50G e o Multilaser MS50X.

Posso trocar o meu Android “normal” pelo Android Go para economizar espaço?

Não. O Android Go precisa ser instalado na fábrica pela montadora do celular. De acordo com Flávio Ferreira, diretor de parcerias de Android para a América Latina, essa versão do sistema modifica muitos recursos do código que poderiam deixar a experiência confusa para o usuário.

Por isso, quem quiser um Android Go tem que comprar um aparelho que já venha com ele. Mesmo que o seu smartphone atual tenha 1 GB de RAM, não dá para trocar o sistema dele pela versão Go.

Mais fabricantes, além de Alcatel, Multilaser e Positivo, lançarão celulares com Android Go no Brasil?

Segundo o Google, mais de 100 fabricantes de celular ao redor do mundo já têm dispositivos com Android Go. A empresa diz que está em negociação com todas as suas parceiras para o desenvolvimento de produtos com essa versão do sistema.

Flávio Ferreira afirmou que o Google negocia com todas as fabriantes de celulares com Android “normal” para que elas usem o Android Go, incluindo Samsung, Motorola, Asus, LG, Sony e todas as empresas que atuam no Brasil. “Algumas [negociações] ainda não estão maduras o bastante para serem divulgadas”, disse o executivo.

Ou seja, novos lançamentos com Android Go, possivelmente de outras marcas, devem ser oficializados ainda este ano.

Mas, afinal, o Android Go é mais rápido do que o Android normal?

O Olhar Digital teve a oportunidade de experimentar alguns dos primeiros smartphones com Android Go no Brasil durante o evento desta quinta, os modelos da Positivo, Alcatel e Multilaser. E a experiência que tivemos com eles não foi das mais empolgantes.

O Twist Metal, da Positivo, apresentou alguns engasgos na navegação, até em animações simples como abrir a gaveta de aplicativos. Além disso, trocar de um app para outro não pode ser feito rapidamente, e há um certo delay nas transições.

Tudo isso sem que o celular tivesse qualquer app instalado além dos básicos que vêm de fábrica. A experiência foi um pouco melhor nos aparelhos da Multilaser, mas, embora o celular não tenha travado, ele também não é veloz.

Então, celulares com Android Go são ruins?

Não necessariamente. A Positivo, por exemplo, lançou o primeiro celular do Android Go no mundo a vir com 32 GB de memória interna. Já os modelos da Multilaser vêm com tela de proporção 18:9, uma tendência que vem sendo chamada de “tela infinita” por reduzir o tamanho das bordas ao redor do display.

Nem tudo nestes smartphones é ruim, mas não espere por uma performance do nível de celulares mais caros. Até porque há outros componentes além da memória RAM que afetam a performance, como processador e bateria, o que não pudemos avaliar com cuidado.

De todo modo, se você estiver com o orçamento apertado e quiser comprar um celular de até 1 GB de RAM, é melhor escolher um com Android 8 Oreo Go do que um com Android “não-Go”.