Diante da multa de mais de 4 bilhões de euros imposta ao Google pela União Europeia por acusações de monopólio, a empresa decidiu se manifestar com o que parece ser uma ameaça que dá a entender que a empresa pode fazer com que o Android deixe de ser grátis para as fabricantes.

Atualmente, o modelo de negócios do Android é claro. O sistema operacional em si tem seu código aberto, o que dá a liberdade para que cada fabricante faça suas próprias modificações. No entanto, para poder chamar o sistema de Android, as empresas precisam seguir algumas guias do Google e pré-instalar os aplicativos da empresa, entre eles a importantíssima Play Store, que são licenciados de forma gratuita. É com o uso dos apps que o Google acaba ganhando em cima do sistema.

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Sundar Pichai, CEO do Google, afirma em carta que ao atacar esse modelo de monetização, a União Europeia coloca em risco o ecossistema Android como um todo, destacando o papel do Google para garantir que o sistema funcione de maneira uniforme entre múltiplos dispositivos, mesmo que o Android tenha uma cara diferente em cada aparelho.

O executivo aponta que hoje em dia é muito simples apagar um aplicativo pré-instalado e substitui-lo por outro graças à Play Store. Por exemplo: se o usuário não gostar do Chrome, não é difícil desativá-lo e instalar o Firefox ou o Opera. Da mesma forma, o Google destaca que fabricantes de celulares podem instalar serviços que competem com seus apps pré-instalados, como faz a Samsung, que distribui aplicativos do Office da Microsoft ao mesmo tempo em que pré-instala os apps do Google Docs.

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Pichai compara esse panorama com a era em que a Microsoft foi acusada de monopólio por distribuir o Internet Explorer com o Windows, que foi um grande escândalo nos anos 1990 que quase fez a companhia ser dividida em duas. O CEO do Google diz que na época a tarefa de remover um software e instalar um novo era muito mais complexa do que hoje.

O Google promete recorrer contra a multa da União Europeia, e o caso ainda deve ir longe. A decisão não determina um rumo de ação para a empresa, de modo que não há como saber o que seria feito com o Android caso a punição se mantenha. A cobrança pelo Android parece mais um blefe do que uma ameaça real, visando alertar o público e as fabricantes sobre a questão. Agora é ver como o caso se desenrola para ver se a empresa realmente pode colocar esse plano em prática.